segunda-feira, 25 de maio de 2009

ADELICE A MIL, ENTRE TEATRO E LITERATURA

Adelice Souza é diretora teatral, contista e dramaturga. Escreveu três livros de contos: ‘As Camas e os Cães’, ‘Caramujos Zumbis’ e Para uma certa Nina. Participou da coletânea “As 30 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”(2005, Record) e, no momento, ensaia mais uma peça de sua autoria . Mandei umas perguntas para Adelice, por e-mail. Aí vão as respostas.

SC - Adelice, como é ser diretora/autora de teatro em Salvador?
AS - Não tenho do que reclamar, acabei de ganhar um bom edital da Fundação Cultural, que me permitirá montar um texto meu, “Jeremias, profeta da chuva.” Mas sou apenas uma, em dezenas que querem a mesma coisa e não conseguem. As produções são difíceis, o dinheiro é muito escasso. Temos excelentes profissionais e poucas condições de trabalho. Talvez por isso tanta gente boa sai de Salvador para fazer teatro no Rio, por exemplo. Amo Salvador, sou enraizada, e fico triste com as condições de trabalho tão precárias, aqui, para a classe teatral.
SC - O que você acha que já conseguiu?
AS - Estou sempre dirigindo ou escrevendo alguma coisa. E isso tem me dado muita alegria. Recentemente, ganhei a Bolsa Funarte de Criação Literária e estou concluindo o meu primeiro romance, “O homem que sabia a hora de morer.” É o melhor que se pode querer.
SC - O que ainda pretende conseguir?
AS - Ser publicada por uma grande editora, ter patrocínios para viajar com os meus espetáculos. Ganhar um bom dinheirinho com literatura e teatro. Tudo com a glória íntima de sentir que estou fazendo algo bom.
SC - Está satisfeita, até agora, com a recepção aos seus trabalhos?
AS - Os amigos da literatura e do teatro e o pequeno público a que tenho acesso são sempre muito generosos. Sigo tentando dar o meu melhor.
SC - Que perspectivas você vê para o teatro na Bahia?
AS - Tem muita gente criando, na esfera teatral. As empresas privadas poderiam abrir um pouco mais os olhos para o teatro, como abrem para a música.
SC - E a Adelice ficcionista, como vai? Algum livro novo a sair?
AS – Recentemente, lancei um livrinho chamado “Para uma certa Nina,” numa bela coleção, “Cartas baianas,” idealizada pelo escritor e editor Claudius Portugal. Um livrinho gostoso, que fiz por encomenda. Um diálogo com o sertão, através de fragmentos de contos. Às vezes parece poema, me sinto perto do haicai.
SC - Quais são seus projetos mais imediatos?
AS - Estou vivendo, nos últimos dois meses, só pensando na minha nova peça, “Jeremias, profeta da chuva,” que conta a via-crucis de um pequeno agricultor que com o dom de prever, através de estrelas, pedras, animais, se haverá chuva. A história se passa no sertão, mas a chuva é algo que todos desejamos muito e nos é essencial. A peça poderia passar-se nos Alpes ou no Saara. Terei estréia na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, no dia 6 de junho. Será, portanto, uma peça junina.

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