A partir da quarta-feira, dia 23 de julho, estarei em Salvador. E, no dia 31 de julho, um sábado, a partir das dez da manhã, na livraria LDM (Multi Campi), Rua Direita da Piedade 20. Lá, haverá um encontro comemorativo da saída da nova edição, revista, do meu romance “Atire em Sofia,” pela 7 Letras.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
O PIANO ALADO DE REBECCA HORN
Sonia Coutinho
Já fui ver duas vezes a retrospectiva de Rebecca Horn, no CCBB. Da segunda vez, em pé, com um caderninho na mão, copiei dois poemas da Rebecca, escritos nas paredes.
(Não sei se a tradução está boa, não deu tempo para verificar. Não gostei que Renato Rezende traduzisse “rod” por “rodo”. Aqui, coloco “varinha” mesmo.)
LUMIÈRE EN PRISON DANS LE VENTRE DE LA BALEINE
Já fui ver duas vezes a retrospectiva de Rebecca Horn, no CCBB. Da segunda vez, em pé, com um caderninho na mão, copiei dois poemas da Rebecca, escritos nas paredes.
(Não sei se a tradução está boa, não deu tempo para verificar. Não gostei que Renato Rezende traduzisse “rod” por “rodo”. Aqui, coloco “varinha” mesmo.)
LUMIÈRE EN PRISON DANS LE VENTRE DE LA BALEINE
Raízes horizontais
guelras – asas ramificadas,
amamentadas com sangue frio
Eternamente solitárias em corredores escorregadios
formas de ar, formas de lua
onde segurar em meio a tudo isso que flutua?
Esfregando o corpo, para criar um fogo
no hotel das palavras não nascidas
Bessie Love (*) em Paris, 1928
À noite as palavras vagam
como sombras dentro da mente
deslizam sobre mármore e água.
Uma varinha dourada interrompe o fluxo,
escreve ao revés na água escura,
desmancha sentenças nas ondas,
acende um turbilhão de signos
em transparências espelhadas.
Palavras trêmulas procuram uma nova ordem
pedindo orientação à lua
na cúpula de palavras entrelaçadas.
Escape do ventre de ecos ramificados
rodopiando ao redor do coração pulsante da baleia.
Minha sombra desvenda sua febre
abraça o pulsar frio,
envia labaredas de luz
ao centro do coração.
Incerto se o amor carrega a redenção dentro do fogo.
O grão de semente da palavra,
nutrido de escuridão,
incapaz de cravar o nó do coração,
ao mesmo tempo luz e sombra
flutuando na esfera.
Uma gota de ar e água
ganha forma dentro da baleia
como um grito.
Nascimento de palavras,
ressoando pelas ondas,
deslizando em direção ao sol.
(2002)
guelras – asas ramificadas,
amamentadas com sangue frio
Eternamente solitárias em corredores escorregadios
formas de ar, formas de lua
onde segurar em meio a tudo isso que flutua?
Esfregando o corpo, para criar um fogo
no hotel das palavras não nascidas
Bessie Love (*) em Paris, 1928
À noite as palavras vagam
como sombras dentro da mente
deslizam sobre mármore e água.
Uma varinha dourada interrompe o fluxo,
escreve ao revés na água escura,
desmancha sentenças nas ondas,
acende um turbilhão de signos
em transparências espelhadas.
Palavras trêmulas procuram uma nova ordem
pedindo orientação à lua
na cúpula de palavras entrelaçadas.
Escape do ventre de ecos ramificados
rodopiando ao redor do coração pulsante da baleia.
Minha sombra desvenda sua febre
abraça o pulsar frio,
envia labaredas de luz
ao centro do coração.
Incerto se o amor carrega a redenção dentro do fogo.
O grão de semente da palavra,
nutrido de escuridão,
incapaz de cravar o nó do coração,
ao mesmo tempo luz e sombra
flutuando na esfera.
Uma gota de ar e água
ganha forma dentro da baleia
como um grito.
Nascimento de palavras,
ressoando pelas ondas,
deslizando em direção ao sol.
(2002)
(*) Atriz americana do cinema mudo.
Este poema se refere a uma instalação de Rebecca, no ventre na baleia, na sala vizinha, escurecida. Luzes projetam essas palavras pelas paredes, rodopiando.
No centro da sala, um pequeno tanque.
Há outro poema na parede do CCBB, referente a uma peça móvel presa à parede, com conchas.
CANTO DE LUZ
Este poema se refere a uma instalação de Rebecca, no ventre na baleia, na sala vizinha, escurecida. Luzes projetam essas palavras pelas paredes, rodopiando.
No centro da sala, um pequeno tanque.
Há outro poema na parede do CCBB, referente a uma peça móvel presa à parede, com conchas.
CANTO DE LUZ
Através da lente de aumento de algas entrelaçadas
ele coleta as marés de luz de madrepérola
com a obsessão dos solitários.
Serpentes de Júpiter acendem vórtices de luz,
cruzando o espaço no interior das palavras
tocando o zênite do ovo da ema
o Saturno de Pessoa.
(2005)
INSTALAÇÕES E FILMES
ele coleta as marés de luz de madrepérola
com a obsessão dos solitários.
Serpentes de Júpiter acendem vórtices de luz,
cruzando o espaço no interior das palavras
tocando o zênite do ovo da ema
o Saturno de Pessoa.
(2005)
INSTALAÇÕES E FILMES
O piano de Rebecca
Rebecca (1944), um dos grandes nomes da arte contemporânea, está mostrando no Rio, cidade onde nunca havia exposto, 18 instalações e seis filmes, de diversos momentos dos seus 35 anos de atividades.
A peça-choque, para mim, é um piano pendurado no teto, de cabeça para baixo, que põe para fora suas teclas (ou suas entranhas?) a cada 15 minutos, despertando o espectador, com o susto, para um outro plano da realidade.
TECNOLOGIA
A peça-choque, para mim, é um piano pendurado no teto, de cabeça para baixo, que põe para fora suas teclas (ou suas entranhas?) a cada 15 minutos, despertando o espectador, com o susto, para um outro plano da realidade.
TECNOLOGIA
É grande a diversidade dos trabalhos apresentados no CCBB, inclusive pela extensão do tempo em que foram produzidos; mas algumas características comuns são logo identificáveis.
Entre elas, o uso do aparato tecnológico, incluindo todo tipo de pequenas máquinas. Rebecca, é uma pioneira, já nos anos 60 usava a tecnologia em sua arte.
A “rebelião” do título pode ser a das máquinas, que parecem adquirir autonomia, vida própria. Mas é uma rebelião que não chega a assustar.
A atmosfera da exposição de Rebecca Horn é lúdica, surreal, poética. Não há o clima kitsch desafiador de muitos outros artistas contemporâneos.
O que ela faz tem uma veia poética. Pode-se lembrar, vendo seus trabalhos: a “brincadeira” dadaísta, os ready-mades de Duchamp.
Borboletas batem asas graças a uma maquininha; uma longa haste de metal espirra tinta sobre uma parede branca, criando uma pintura abstrata; outra haste metálica mergulha num tanque uma cobra também de metal, sob uma iluminação lateral que projeta sombras ondulantes na parede.
PERFORMANCES
Entre elas, o uso do aparato tecnológico, incluindo todo tipo de pequenas máquinas. Rebecca, é uma pioneira, já nos anos 60 usava a tecnologia em sua arte.
A “rebelião” do título pode ser a das máquinas, que parecem adquirir autonomia, vida própria. Mas é uma rebelião que não chega a assustar.
A atmosfera da exposição de Rebecca Horn é lúdica, surreal, poética. Não há o clima kitsch desafiador de muitos outros artistas contemporâneos.
O que ela faz tem uma veia poética. Pode-se lembrar, vendo seus trabalhos: a “brincadeira” dadaísta, os ready-mades de Duchamp.
Borboletas batem asas graças a uma maquininha; uma longa haste de metal espirra tinta sobre uma parede branca, criando uma pintura abstrata; outra haste metálica mergulha num tanque uma cobra também de metal, sob uma iluminação lateral que projeta sombras ondulantes na parede.
PERFORMANCES
Na década de 70, Rebecca fazia performances. Para participar com esses trabalhos da Documenta 5, de Kassel, pediram-lhe que os documentasse e ela começou a filmar. Há filmes dessas performances na mostra do CCBB.
O trabalho é com corpos humanos, aos quais são presos apêndices. Asas, grandes hastes suspensas aos ombros, mantos de penas. A nudez cria um clima sensual, sexual.
E há também filmes longos, também dos anos 70. Um deles, com uma narrativa surreal, já pondo em cena muitas máquinas “vivas” e borboletas, tem como protagonistas Geraldine Chaplin ainda jovem e Donald Sutherland ídem.
NA FLORESTA
O trabalho é com corpos humanos, aos quais são presos apêndices. Asas, grandes hastes suspensas aos ombros, mantos de penas. A nudez cria um clima sensual, sexual.
E há também filmes longos, também dos anos 70. Um deles, com uma narrativa surreal, já pondo em cena muitas máquinas “vivas” e borboletas, tem como protagonistas Geraldine Chaplin ainda jovem e Donald Sutherland ídem.
NA FLORESTA
Rebecca nasceu em Michelstadt, na floresta de Odenwald, no Hesse.
Consta dos seus dados biográficos que seu pai a lhe contava, quando era menina, muitas histórias sobre bruxas, dragões e duendes. E ela cresceu angustiada, claustrófoba.
MULHERES ARTISTAS
Consta dos seus dados biográficos que seu pai a lhe contava, quando era menina, muitas histórias sobre bruxas, dragões e duendes. E ela cresceu angustiada, claustrófoba.
MULHERES ARTISTAS
Tradicionalmente, a história da arte omitia nomes de mulheres.
Hoje, o elenco das artistas já é numeroso, incluindo figuras como Mona Hatoum, Barbara Kruger, Jenny Holzer, Marlene Dumas, Pippilotti Rist, Cindy Sherman, entre muitas outras.
Até talvez uma década atrás, quem estudava História da Arte só encontrava mulheres no limiar ou no início do século XX. Mary Cassat, Berthe Morisot ou Paula Modersohn-Becker.
Será que, até então, não havia nenhuma mulher fazendo arte? Ou seus nomes não constam por causa do preconceito contra elas?
A segunda hipótese é confirmada pelo trabalho de pesquisadoras como Wendy Slatkin, que cita, em seu livro “Women Artists in History”, Sofonisba Anguissola e Artemisia Gentileschi, entre outras, pouco conhecidas mas com trabalho respeitável, isto já a partir dos anos 1550.
Hoje, o elenco das artistas já é numeroso, incluindo figuras como Mona Hatoum, Barbara Kruger, Jenny Holzer, Marlene Dumas, Pippilotti Rist, Cindy Sherman, entre muitas outras.
Até talvez uma década atrás, quem estudava História da Arte só encontrava mulheres no limiar ou no início do século XX. Mary Cassat, Berthe Morisot ou Paula Modersohn-Becker.
Será que, até então, não havia nenhuma mulher fazendo arte? Ou seus nomes não constam por causa do preconceito contra elas?
A segunda hipótese é confirmada pelo trabalho de pesquisadoras como Wendy Slatkin, que cita, em seu livro “Women Artists in History”, Sofonisba Anguissola e Artemisia Gentileschi, entre outras, pouco conhecidas mas com trabalho respeitável, isto já a partir dos anos 1550.
CADERNO DE POESIA
VALESKA DE AGUIRRE
ASSOBIO VOCÊ
Caixa preta
furo preto
parecia experiência de colégio
algo como “a lâmpada acende
se amarrar os fios” ou “o feijão
nasce no algodão” parei
ao escutar a vibração
das experiências sonoras
contidas em oito
caixotes de dois metros
de alto-falantes
em círculo claustrofóbico
convidando a mexer
as partes do corpo
que melhor estalam
e continuam a estalar
cada vez mais baixo no infinito pretume
ruído
ruído
a mandíbula
a língua
o dente
a garganta
a glote
a direção do vento
o lábio superior e inferior
assobio você
do corredor o círculo
preto de dois metros falantes
ocupam seu espaço ao chão
octogonal corrompem a visão
o corpo estica-se ao encontro
gigante postura em vale árido
duas caixas se distanciam de acordo
sugerindo passagem ao corpo
alongamento de vértebras
conversam.
KRILL PARA HEITOR
Nessa manhã meio-cinza, meio-clara
leio sua mensagem e penso nas noites de sua cidade
(só lembro das noites
Os dias passam rápido demais
Ou escuros ou mesmo iguais aos de minha cidade)
mas as noites não
elas se preparam se vestem de preto purpurina
e todos tremem à sua espera sua boca enorme
não há pessoa alheia os que dormem
sentem um comichão e rezam ave-marias para suportar
aqui passamos as manhãs imprimindo krill
treze páginas mais treze páginas
olhamos a tinta olhamos a foto, de novo
café, bolo ana-maria, pão-de-queijo
é o que nos alimenta
você chama o correio
mas ele ainda dorme (não sabe que há manhãs)
mas eu te digo, heitor:
aqui passamos as manhãs imprimindo krill
à noite teremos ele na estante
distante como se houvesse chegado pelo correio
e você ao passar suas folhas e sentir sua cor
lembrará das manhãs da minha cidade.
AO SOM DO VINIL
“Não acredito que te perdi”
cochichou perdendo a faixa
da música que deveria colocar
para as pessoas não escutarem
o que gritava tentando cochichar
ao ouvido da garota que se despedia
e que pensou escutar
“não acredito que te perdi”
mas não pediu para ele repetir
pois já tinha ouvido o ruído da faixa
terminando e ele afastando-se
para posicionar a agulha em qualquer
outro círculo e assim ninguém
reparar na garota que ali permanecia
na tentativa de ir embora.
+++
Caixa preta
furo preto
parecia experiência de colégio
algo como “a lâmpada acende
se amarrar os fios” ou “o feijão
nasce no algodão” parei
ao escutar a vibração
das experiências sonoras
contidas em oito
caixotes de dois metros
de alto-falantes
em círculo claustrofóbico
convidando a mexer
as partes do corpo
que melhor estalam
e continuam a estalar
cada vez mais baixo no infinito pretume
ruído
ruído
a mandíbula
a língua
o dente
a garganta
a glote
a direção do vento
o lábio superior e inferior
assobio você
do corredor o círculo
preto de dois metros falantes
ocupam seu espaço ao chão
octogonal corrompem a visão
o corpo estica-se ao encontro
gigante postura em vale árido
duas caixas se distanciam de acordo
sugerindo passagem ao corpo
alongamento de vértebras
conversam.
KRILL PARA HEITOR
Nessa manhã meio-cinza, meio-clara
leio sua mensagem e penso nas noites de sua cidade
(só lembro das noites
Os dias passam rápido demais
Ou escuros ou mesmo iguais aos de minha cidade)
mas as noites não
elas se preparam se vestem de preto purpurina
e todos tremem à sua espera sua boca enorme
não há pessoa alheia os que dormem
sentem um comichão e rezam ave-marias para suportar
aqui passamos as manhãs imprimindo krill
treze páginas mais treze páginas
olhamos a tinta olhamos a foto, de novo
café, bolo ana-maria, pão-de-queijo
é o que nos alimenta
você chama o correio
mas ele ainda dorme (não sabe que há manhãs)
mas eu te digo, heitor:
aqui passamos as manhãs imprimindo krill
à noite teremos ele na estante
distante como se houvesse chegado pelo correio
e você ao passar suas folhas e sentir sua cor
lembrará das manhãs da minha cidade.
AO SOM DO VINIL
“Não acredito que te perdi”
cochichou perdendo a faixa
da música que deveria colocar
para as pessoas não escutarem
o que gritava tentando cochichar
ao ouvido da garota que se despedia
e que pensou escutar
“não acredito que te perdi”
mas não pediu para ele repetir
pois já tinha ouvido o ruído da faixa
terminando e ele afastando-se
para posicionar a agulha em qualquer
outro círculo e assim ninguém
reparar na garota que ali permanecia
na tentativa de ir embora.
+++
Pegar a condução pagar a condução e sair para almoçar às doze horas algumas alfaces variadas carnes variadas e hoje sobremesa com o sol e a lua chegar a fim do dia com o telefone sem linha com a pele coçando com a cidade sem água passar pelo dia oito de abril e não achar estranho acordar com gritos no quarto vizinho meu filho acordar querendo dormr sair para o trabalho comas pernas dormentes a mão presa à xícara, a cara lavada pelo resto de água a boca sem dizer palavra a noite corre a lua sobe e pára. Passaram-se alguns anos e a mão ainda presa às coisas da manhã a meia de lã o pão preto com mel lentamente passando pelos lábios quentes da noite do café preto e todas as palavras que ainda não chegaram.
Valeska de Aguirre publicou o minilivro “Ela disse, Ele disse”, pela Moby-Dick, em 2001. Mas antes viajou pelo Ocidente e pelo Oriente, trabalhou como garçonete, caixa, modelo; casou algumas vezes; hoje, trabalha numa editora; tem marido e dois filhos. Estes poemas integram o livro “Atos de repetição”, da 7 Letras.
MARCIO ZARDO
TUDOSOBRENADA
NADASOBRENADA
NADASOBRETUDO
Valeska de Aguirre publicou o minilivro “Ela disse, Ele disse”, pela Moby-Dick, em 2001. Mas antes viajou pelo Ocidente e pelo Oriente, trabalhou como garçonete, caixa, modelo; casou algumas vezes; hoje, trabalha numa editora; tem marido e dois filhos. Estes poemas integram o livro “Atos de repetição”, da 7 Letras.
MARCIO ZARDO
TUDOSOBRENADA
NADASOBRENADA
NADASOBRETUDO
TUDOSOBRETUDO
Transcrevemos aqui as palavras de uma imagem criada por Marcio Zardo, na qual elas funcionam plasticamente, colocadas sobre um fundo colorido.
O resultado é um poema visual, como explica Marcio. Algo para ser colocado na parede, um “quadro”.
Marcio era um poeta ligado ao Concretismo mas, a certa altura, decidiu “materializar” seus poemas.
Passou para o lado das artes visuais.
Ele explica sua proposta:
- Interesso-me pela desconstrução das relações tradicionais da linguagem e da imagem, seja em poemas visuais, pequenos textos, frases soltas ou mesmo palavras.
Sempre busquei nas minhas experimentações enfatizar a materialidade da palavra, seus valores plásticos e sonoros.
Busco nas figuras de linguagem, na justaposição de significados, nas analogias ou na ambiguidade das palavras, surpreender o leitor/visitante e envolvê-lo na proposta.
Proponho um ato de criação conjunta onde o espectador deixa de ser contemplativo e torna-se explorador das possibilidades e probabilidades desencadeadas pelo trabalho.
Transcrevemos aqui as palavras de uma imagem criada por Marcio Zardo, na qual elas funcionam plasticamente, colocadas sobre um fundo colorido.
O resultado é um poema visual, como explica Marcio. Algo para ser colocado na parede, um “quadro”.
Marcio era um poeta ligado ao Concretismo mas, a certa altura, decidiu “materializar” seus poemas.
Passou para o lado das artes visuais.
Ele explica sua proposta:
- Interesso-me pela desconstrução das relações tradicionais da linguagem e da imagem, seja em poemas visuais, pequenos textos, frases soltas ou mesmo palavras.
Sempre busquei nas minhas experimentações enfatizar a materialidade da palavra, seus valores plásticos e sonoros.
Busco nas figuras de linguagem, na justaposição de significados, nas analogias ou na ambiguidade das palavras, surpreender o leitor/visitante e envolvê-lo na proposta.
Proponho um ato de criação conjunta onde o espectador deixa de ser contemplativo e torna-se explorador das possibilidades e probabilidades desencadeadas pelo trabalho.
Quem é Marcio Zardo
Artista plástico e jornalista nascido em Santa Catarina e radicado no Rio, atuou por mais de 20 anos em comunicação empresarial. Em 1999 passou a dedicar-se integralmente às artes plásticas.
Participou de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Realizou quatro exposições individuais, destacando: “Vida-te”, no Espaço Cultural Sérgio Porto (2003) e “APALAVRALAVRA”, no Solar da PUC/Rio (2007) e participou de mais de 20 coletivas, destacando: “Reactions”, no Exitart, em N.York (2002), “Projéteis de Arte Contemporânea”, Funarte(2003)e“OBRANOME II”, nas Cavalariças da EAV do Parque Lage (2009).
Artista plástico e jornalista nascido em Santa Catarina e radicado no Rio, atuou por mais de 20 anos em comunicação empresarial. Em 1999 passou a dedicar-se integralmente às artes plásticas.
Participou de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Realizou quatro exposições individuais, destacando: “Vida-te”, no Espaço Cultural Sérgio Porto (2003) e “APALAVRALAVRA”, no Solar da PUC/Rio (2007) e participou de mais de 20 coletivas, destacando: “Reactions”, no Exitart, em N.York (2002), “Projéteis de Arte Contemporânea”, Funarte(2003)e“OBRANOME II”, nas Cavalariças da EAV do Parque Lage (2009).
LOUZEIRO VESTIDO DE NOIVO
José Louzeiro
Nelson Rodrigues por José Louzeiro
Fuad Atala
O maranhense José Louzeiro, radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1950, está lançando “Vestido de Noivo”, uma alegoria em torno de “Vestido de noiva”, a polêmica peça de Nelson Rodrigues, que montada pela primeira vez em 1943 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro provocou um verdadeiro escândalo.
Em sua estréia como autor de teatro, Louzeiro transpõe com precisão para o palco a técnica que adquiriu no exercício da reportagem policial, gênero que cultivou por mais de 20 anos. Tendo freqüentado as melhores redações da época de ouro da imprensa carioca, e por curto período a paulistana, mergulhou fundo na questão da violência urbana e das desigualdades sociais. Suas reportagens polêmicas ocuparam-se quase que obsessivamente do cotidiano miserável e violento dos morros cariocas, com seus guetos de exclusão social e seus heróis-bandidos assombrando a população local e a parte luminosa da cidade a seus pés.
Louzeiro projetou-se não apenas na crônica policial, onde deixou em memoráveis reportagens sua marca de repórter de faro aguçado. Com a bagagem vivenciada na cobertura do submundo do crime, Louzeiro fez uma vitoriosa incursão pela literatura, onde estreou em 1958 com o volume de contos “Depois da luta”.
Era o ponta-pé inicial de uma obra sui generis, que inauguraria entre nós o romance-reportagem. Entre seus mais de 50 livros publicados, alguns foram parar no cinema, como “Infância dos mortos, de que resultou o filme “Pixote”, “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia”, escrito a partir de uma audaciosa entrevista com o personagem que dominou a cena policial carioca e da qual se originou o filme com título homônimo.
Ainda na área policial, seguem-se “Aracelli, meu amor”, “O caso Cláudia” e “O homem da capa preta”, entre outros. Não escaparam também às suas preocupações a violência policial e o horror que fluía dos porões da ditadura. O drama da estilista Zuzu Angel e de seu filho Stuart Angel, torturado e morto na década de 1960, “Em carne viva”, e o massacre dos meninos da Candelária, em 1993, em “Praça das dores”, marcam essa fase.
No cinema assinou vários roteiros, alguns dos quais, baseados em obras suas, ganharam o gosto popular. De sua lavra saíram ainda algumas biografias, como a de Elza Soares, André Rebouças, Ana Néri e Gregório Fortunato, o “anjo negro” de Getúlio Vargas, além de obras voltadas para o público infanto-juvenil.
Em “Vestido de noivo” Louzeiro reúne personagens reais com os quais conviveu nas redações, inclusive Nelson Rodrigues, ele próprio o foco para onde converge o centro da trama, criando a partir daí uma ficção digna do seu inspirador. Lá estão os repórteres João Ribeiro, Pinheiro Júnior e Antonio Carbone, entre outros personagens no clima nervoso da redação, enfrentando o delegado Rescala Bittar e o detetive Perpétuo de Freitas na busca frenética de notícias.
Na elaboração da trama Louzeiro capta toda a atmosfera rodriguesiana, utilizando com propriedade a técnica e os motes do discurso do teatrólogo. A história gira em torno do suicídio da jovem Marlizinha, motivo de uma crônica de Nelson, a quem a mãe da vítima procura na redação no dia seguinte para repor a verdade – não havia morte naquela história. Estabelece-se a partir daí um diálogo que mistura transcendentalidade, non sense e sado-masoquismo.
O cronista tenta provar o contrário, mostrando à mãe aflita que, com aquele gesto, a suicida (ou quase) decidira integrar “o panteão das deusas”. Para ele, Marlizinha teve a ousadia de desafiar o que o ser humano mais teme, a morte. “Na minha crônica, explica ele à mulher, tudo o que faço é exaltar sua menina, cuja coragem foge à compreensão da maioria dos mortais”. Era suicídio, e pronto.
Aqui está José Louzeiro, em sua melhor forma de romancista-repórter, recriando com palavras próprias o mais genuíno Nelson Rodrigues. “Vestido de noivo”, Nelson passeia pela redação esparzindo seus deliciosos cacoetes e inconfundíveis idiossincrasias.
O maranhense José Louzeiro, radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1950, está lançando “Vestido de Noivo”, uma alegoria em torno de “Vestido de noiva”, a polêmica peça de Nelson Rodrigues, que montada pela primeira vez em 1943 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro provocou um verdadeiro escândalo.
Em sua estréia como autor de teatro, Louzeiro transpõe com precisão para o palco a técnica que adquiriu no exercício da reportagem policial, gênero que cultivou por mais de 20 anos. Tendo freqüentado as melhores redações da época de ouro da imprensa carioca, e por curto período a paulistana, mergulhou fundo na questão da violência urbana e das desigualdades sociais. Suas reportagens polêmicas ocuparam-se quase que obsessivamente do cotidiano miserável e violento dos morros cariocas, com seus guetos de exclusão social e seus heróis-bandidos assombrando a população local e a parte luminosa da cidade a seus pés.
Louzeiro projetou-se não apenas na crônica policial, onde deixou em memoráveis reportagens sua marca de repórter de faro aguçado. Com a bagagem vivenciada na cobertura do submundo do crime, Louzeiro fez uma vitoriosa incursão pela literatura, onde estreou em 1958 com o volume de contos “Depois da luta”.
Era o ponta-pé inicial de uma obra sui generis, que inauguraria entre nós o romance-reportagem. Entre seus mais de 50 livros publicados, alguns foram parar no cinema, como “Infância dos mortos, de que resultou o filme “Pixote”, “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia”, escrito a partir de uma audaciosa entrevista com o personagem que dominou a cena policial carioca e da qual se originou o filme com título homônimo.
Ainda na área policial, seguem-se “Aracelli, meu amor”, “O caso Cláudia” e “O homem da capa preta”, entre outros. Não escaparam também às suas preocupações a violência policial e o horror que fluía dos porões da ditadura. O drama da estilista Zuzu Angel e de seu filho Stuart Angel, torturado e morto na década de 1960, “Em carne viva”, e o massacre dos meninos da Candelária, em 1993, em “Praça das dores”, marcam essa fase.
No cinema assinou vários roteiros, alguns dos quais, baseados em obras suas, ganharam o gosto popular. De sua lavra saíram ainda algumas biografias, como a de Elza Soares, André Rebouças, Ana Néri e Gregório Fortunato, o “anjo negro” de Getúlio Vargas, além de obras voltadas para o público infanto-juvenil.
Em “Vestido de noivo” Louzeiro reúne personagens reais com os quais conviveu nas redações, inclusive Nelson Rodrigues, ele próprio o foco para onde converge o centro da trama, criando a partir daí uma ficção digna do seu inspirador. Lá estão os repórteres João Ribeiro, Pinheiro Júnior e Antonio Carbone, entre outros personagens no clima nervoso da redação, enfrentando o delegado Rescala Bittar e o detetive Perpétuo de Freitas na busca frenética de notícias.
Na elaboração da trama Louzeiro capta toda a atmosfera rodriguesiana, utilizando com propriedade a técnica e os motes do discurso do teatrólogo. A história gira em torno do suicídio da jovem Marlizinha, motivo de uma crônica de Nelson, a quem a mãe da vítima procura na redação no dia seguinte para repor a verdade – não havia morte naquela história. Estabelece-se a partir daí um diálogo que mistura transcendentalidade, non sense e sado-masoquismo.
O cronista tenta provar o contrário, mostrando à mãe aflita que, com aquele gesto, a suicida (ou quase) decidira integrar “o panteão das deusas”. Para ele, Marlizinha teve a ousadia de desafiar o que o ser humano mais teme, a morte. “Na minha crônica, explica ele à mulher, tudo o que faço é exaltar sua menina, cuja coragem foge à compreensão da maioria dos mortais”. Era suicídio, e pronto.
Aqui está José Louzeiro, em sua melhor forma de romancista-repórter, recriando com palavras próprias o mais genuíno Nelson Rodrigues. “Vestido de noivo”, Nelson passeia pela redação esparzindo seus deliciosos cacoetes e inconfundíveis idiossincrasias.
EU E O COIOTE DE JOSEPH BEUYS
Conto de Sonia Coutinho
Eu caminhava pela beira da Lagoa, instantes atrás, quando me veio a lembrança: viajei no mesmo avião em que Joseph Beuys foi para Nova York fazer sua performance “I like America and America likes me”. Puxa vida, mas parece um sonho! Isto foi em 1974, quando eu ainda era um puto filhinho do papai! Hoje sou Juan Bingen, todos me conhecem...
Fiquei num assento bem atrás de Beuys e o segui de perto, quando ele desembarcou do avião.
Um grupo de amigos o esperava no Aeroporto Kennedy. Para minha surpresa, eles o enrolaram imediatamente num pedaço de feltro.
O passo seguinte foi a ambulância. Havia uma à espera e Beuys foi posto dentro dela, sempre enrolado no feltro. Assim o levaram para a René Block Gallery. Para onde me dirigi imediatamente, depois de deixar as malas no hotel.
+++
O que deflagrou a lembrança de Beuys, hoje, foi o fato de eu ter visto, pregado num poste na beira da Lagoa, um cartaz onde estava escrito USA, três letras grandes e negras, cortadas por dois traços vermelhos cruzados, como num veto absoluto.
Como se dissessem, ao reverso de Beuys: “I dislike America and America dislikes me”.
+++
Beuys, piloto da Luftwaffe na Segunda Guerra Mundial, caiu com seu avião na Criméia.
Foi salvo num frio de abaixo de zero por nômades tártaros, que untaram seu corpo com gordura e o envolveram num pedaço de feltro.
Ele passou a usar feltro e gordura como materiais para seu trabalho.
+++
Naquele dia de 1974, em Nova York, eu o observei muito tempo, na galeria onde ele ficou fechado um mês com um coiote vivo.
Quando cheguei, Beuys continuava enrolado no feltro. Tinha ao seu lado uma lanterna elétrica, um exemplar novo do “The Wall Street Journal” (era entregue todo dia, segundo me disseram) e uma bengala que parecia um cajado de pastor de ovelhas.
O que mais me impressionou foi o coiote mesmo, girando de um lado para outro no espaço da sala. Às vezes, Beuys se desenrolava do seu feltro e lhe dava comida.
+++
Hoje, ao chegar em casa, de volta da minha caminhada pela beira da Lagoa, fui logo para o computador, procurar na internet imagens daquela performance e o que se escreveu sobre ela.
Leio explicações que não me parecem muito exatas para a presença do coiote.
Diz Emily Rekow: “A escolha do coiote foi, talvez, o reconhecimento de um animal que tem grande significado espiritual para os americanos nativos, ou um comentário de Beuys sobre um país que, em sua expansão para o Oeste, tornou-se a América ‘perdida’”.
Encontro também palavras de um certo Thorsten Scheerer: “O coiote que esperava por Beuys na galeria é um símbolo, para o americano do Oeste. Beuys queria viver e se comunicar com o coiote por um certo período de tempo. Mas por que a ambulância? É emergência? Temos de nos apressar para chegar lá? Existe algum segredo que deveríamos conhecer?”
Uma frase do próprio Beuys: “Todo o processo de viver é meu ato criativo.”
Leio mais sobre ele e seu trabalho: “Vestia-se e se comportava de uma maneira muito especial... Como um xamã... A arte da performance, para Beuys, era um meio de autocura e transformação social... Achava que, representando os rituais que inventava, podia afetar o mundo em torno dele...”
+++
Desligo o computador.
Mas ainda não consigo esquecer o coiote.
O animal em si.
Ao longo dos anos, por causa daquele bicho que Beuys mandou colocar na galeria, tenho lido um bocado a respeito de coiotes.
Gostei mais do que aprendi sobre o coiote do Texas, também conhecido como o “lobo da pradaria.” Vi fotos dele. Seu corpo parece o de um cachorro, com uma cauda comprida e cheia de longos pêlos acinzentados.
A pelagem do coiote do Texas ganha tons avermelhados em suas pernas e orelhas, enquanto na barriga e no pescoço o cinza é mais claro.
Não é um animal muito grande, pesa em média apenas uns 15 quilos.
Outra informação que me encantou: os coiotes têm olhos amarelos, que à noite emitem reflexos de um tom dourado, meio esverdeado.
Aprendi também que são bichos muito inteligentes, curiosos e adaptáveis e moram em diversos habitats, entre eles o Oeste americano.
São arredios com os seres humanos, mas se acostumam com as pessoas que os alimentam.
+++
Confesso, desde que vi aquele animal na galeria, todas as noites, ao fechar os olhos, tentando dormir, vejo coiotes. Eles uivam lamentosamente, ou dão latidos esganiçados, que enchem minhas insônias de canções mal-assombradas.
Eu caminhava pela beira da Lagoa, instantes atrás, quando me veio a lembrança: viajei no mesmo avião em que Joseph Beuys foi para Nova York fazer sua performance “I like America and America likes me”. Puxa vida, mas parece um sonho! Isto foi em 1974, quando eu ainda era um puto filhinho do papai! Hoje sou Juan Bingen, todos me conhecem...
Fiquei num assento bem atrás de Beuys e o segui de perto, quando ele desembarcou do avião.
Um grupo de amigos o esperava no Aeroporto Kennedy. Para minha surpresa, eles o enrolaram imediatamente num pedaço de feltro.
O passo seguinte foi a ambulância. Havia uma à espera e Beuys foi posto dentro dela, sempre enrolado no feltro. Assim o levaram para a René Block Gallery. Para onde me dirigi imediatamente, depois de deixar as malas no hotel.
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O que deflagrou a lembrança de Beuys, hoje, foi o fato de eu ter visto, pregado num poste na beira da Lagoa, um cartaz onde estava escrito USA, três letras grandes e negras, cortadas por dois traços vermelhos cruzados, como num veto absoluto.
Como se dissessem, ao reverso de Beuys: “I dislike America and America dislikes me”.
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Beuys, piloto da Luftwaffe na Segunda Guerra Mundial, caiu com seu avião na Criméia.
Foi salvo num frio de abaixo de zero por nômades tártaros, que untaram seu corpo com gordura e o envolveram num pedaço de feltro.
Ele passou a usar feltro e gordura como materiais para seu trabalho.
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Naquele dia de 1974, em Nova York, eu o observei muito tempo, na galeria onde ele ficou fechado um mês com um coiote vivo.
Quando cheguei, Beuys continuava enrolado no feltro. Tinha ao seu lado uma lanterna elétrica, um exemplar novo do “The Wall Street Journal” (era entregue todo dia, segundo me disseram) e uma bengala que parecia um cajado de pastor de ovelhas.
O que mais me impressionou foi o coiote mesmo, girando de um lado para outro no espaço da sala. Às vezes, Beuys se desenrolava do seu feltro e lhe dava comida.
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Hoje, ao chegar em casa, de volta da minha caminhada pela beira da Lagoa, fui logo para o computador, procurar na internet imagens daquela performance e o que se escreveu sobre ela.
Leio explicações que não me parecem muito exatas para a presença do coiote.
Diz Emily Rekow: “A escolha do coiote foi, talvez, o reconhecimento de um animal que tem grande significado espiritual para os americanos nativos, ou um comentário de Beuys sobre um país que, em sua expansão para o Oeste, tornou-se a América ‘perdida’”.
Encontro também palavras de um certo Thorsten Scheerer: “O coiote que esperava por Beuys na galeria é um símbolo, para o americano do Oeste. Beuys queria viver e se comunicar com o coiote por um certo período de tempo. Mas por que a ambulância? É emergência? Temos de nos apressar para chegar lá? Existe algum segredo que deveríamos conhecer?”
Uma frase do próprio Beuys: “Todo o processo de viver é meu ato criativo.”
Leio mais sobre ele e seu trabalho: “Vestia-se e se comportava de uma maneira muito especial... Como um xamã... A arte da performance, para Beuys, era um meio de autocura e transformação social... Achava que, representando os rituais que inventava, podia afetar o mundo em torno dele...”
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Desligo o computador.
Mas ainda não consigo esquecer o coiote.
O animal em si.
Ao longo dos anos, por causa daquele bicho que Beuys mandou colocar na galeria, tenho lido um bocado a respeito de coiotes.
Gostei mais do que aprendi sobre o coiote do Texas, também conhecido como o “lobo da pradaria.” Vi fotos dele. Seu corpo parece o de um cachorro, com uma cauda comprida e cheia de longos pêlos acinzentados.
A pelagem do coiote do Texas ganha tons avermelhados em suas pernas e orelhas, enquanto na barriga e no pescoço o cinza é mais claro.
Não é um animal muito grande, pesa em média apenas uns 15 quilos.
Outra informação que me encantou: os coiotes têm olhos amarelos, que à noite emitem reflexos de um tom dourado, meio esverdeado.
Aprendi também que são bichos muito inteligentes, curiosos e adaptáveis e moram em diversos habitats, entre eles o Oeste americano.
São arredios com os seres humanos, mas se acostumam com as pessoas que os alimentam.
+++
Confesso, desde que vi aquele animal na galeria, todas as noites, ao fechar os olhos, tentando dormir, vejo coiotes. Eles uivam lamentosamente, ou dão latidos esganiçados, que enchem minhas insônias de canções mal-assombradas.
SANTE SCALDAFERRI
Sante e Sonia C. no lançamento da revista EXU, Rio
A Cinearte é uma revista trimestral editada em Roma e muito conceituada na Itália. Enfoca cinema, audiovisual e arte, em geral. Recentemente, a Cinearte deu esta entrevista do artista baiano (de origem italiana) Sante Scaldaferri.
Para acessar a revista on line: www.cinearteonline.com
Antonella Rita Roscilli
L’ « italiano» Sante Scaldaferri è considerato uno dei più importanti e rappresentativi tra i pittori brasiliani contemporanei. La sua pittura, arte erudita su radice popolare riflette il dramma e la tragedia del popolo della regione dei “sertões” nordestini del Brasile. Non è un regionalista provinciale, ma, unendo un linguaggio contemporaneo a una tematica brasiliana di religiosità e cultura popolare, Sante riesce a raggiungere una lettura universale e, realizzando lavori di grande forza, riesce allo stesso tempo, a creare un linguaggio molto personale, creativo e inconfondibile. Sante mi aspetta per l’intervista sulla soglia della sua bella casa di Itapõa, a Salvador (Bahia).Vi si respira arte e creatività in ogni angolo: mobili, quadri, sculture parlano della sua vita e anche delle sue origini italiane.
La sua opera pittorica si divide in diverse fasi. Ne possiamo parlare?
Una sua esposizione ha celebrato i 50 anni della così detta Generazione Mapa a Bahia. Può illustrarcela?
Para acessar a revista on line: www.cinearteonline.com
Antonella Rita Roscilli
Intervista esclusiva realizzata a Salvador (Bahia) Brasile
L’ « italiano» Sante Scaldaferri è considerato uno dei più importanti e rappresentativi tra i pittori brasiliani contemporanei. La sua pittura, arte erudita su radice popolare riflette il dramma e la tragedia del popolo della regione dei “sertões” nordestini del Brasile. Non è un regionalista provinciale, ma, unendo un linguaggio contemporaneo a una tematica brasiliana di religiosità e cultura popolare, Sante riesce a raggiungere una lettura universale e, realizzando lavori di grande forza, riesce allo stesso tempo, a creare un linguaggio molto personale, creativo e inconfondibile. Sante mi aspetta per l’intervista sulla soglia della sua bella casa di Itapõa, a Salvador (Bahia).Vi si respira arte e creatività in ogni angolo: mobili, quadri, sculture parlano della sua vita e anche delle sue origini italiane.
Può parlarci della sua infanzia e dei suoi legami con l’Italia?
Sono nato nel 1928 in una casa del Porto da Barra. Mia madre era arrivata dall’Italia già incinta. Perciò io sono stato “fabbricato” in Italia” e “sbarcato”a Salvador, nello stato brasiliano di Bahia. Quando avevo un anno e mezzo mio padre si ammalò e così tornammo a Trecchina, in provincia di Potenza, in Basilicata, dove morì. Ho pochi ricordi di quell’epoca. Le vacanze a Maratea e il nostro soggiorno a Napoli, dove mio zio aveva una bella casa al Vomero. Malgrado ciò la forza atavica è potente e io sento di avere due identità che non si scontrano, anzi, vivono in armonia. Mi piace ugualmente il samba e l’opera, e la mia identità italiana mi ha portato varie volte alla conoscenza della mia origine. In Italia mi sento a casa.
Lei è uno dei più importanti e rappresentativi tra i pittori brasiliani contemporanei. Com’è arrivato all’arte plastica?
Fin da bambino ho sempre pensato di diventare pittore. Così, quando ho terminato il ginnasio, ho fatto la prova per entrare alla “Escola de Belas Artes”. Il cammino per conquistare una posizione nel panorama delle arti plastiche è molto difficile e divenni noto avendo partecipato ad esposizioni in varie città brasiliane. Così la critica conobbe il mio lavoro. Lei appartiene alla seconda generazione di artisti moderni di Bahia. Può parlarcene? La seconda generazione di artisti plastici moderni di Bahia sorse nel 1957. In quell’epoca i miei rapporti con gli artisti della prima generazione erano molto cordiali. Ma con il tempo alcuni artisti mi si schierarono contro, denigrando la mia adesione a nuovi linguaggi. Tuttavia, col passare del tempo, i mass-media, attraverso la critica nazionale, vennero a conoscenza del mio lavoro. Ho preso molte batoste, ma ne ho date io di più. Oggi non sono un artista realizzato, a mi considero un vittorioso per quanto riguarda questo discorso.
A quell’epoca esisteva una generazione che voleva produrre qualcosa di nuovo anche nella letteratura, nel teatro, nella pittura e nel cinema?
Nonostante la rottura della prima generazione di artisti plastici con l’accademismo, quella
posteriore incontrò ancora molte e serie difficoltà. L’anno prima avevo già conosciuto e avevo partecipato alle attività artistiche e culturali di un gruppo di giovani di valore, che prese
il nome di Generazione MAPA. Questi giovani di allora dettero tutti un grande contributo allo sviluppo dell’arte moderna a Bahia in tutti i linguaggi artistici e chi di essi rimane continua
ancor oggi ad aggiornarsi e a produrre. Questi giovani in realtà ebbero la fortuna di partecipare al maggiore e più fecondo periodo culturale di Bahia durante il rettorato del dr. Edgard Santos.
posteriore incontrò ancora molte e serie difficoltà. L’anno prima avevo già conosciuto e avevo partecipato alle attività artistiche e culturali di un gruppo di giovani di valore, che prese
il nome di Generazione MAPA. Questi giovani di allora dettero tutti un grande contributo allo sviluppo dell’arte moderna a Bahia in tutti i linguaggi artistici e chi di essi rimane continua
ancor oggi ad aggiornarsi e a produrre. Questi giovani in realtà ebbero la fortuna di partecipare al maggiore e più fecondo periodo culturale di Bahia durante il rettorato del dr. Edgard Santos.
Ci racconta del ruolo che ebbe all’epoca il rettore Edgar Santos nella cultura di Bahia?
In quell’epoca i mezzi di comunicazione di massa non erano come oggi, pertanto c’era sempre un po’ di ritardo nei contatti. Eppure esistevano varie riviste e le mostre erano importantissime per prendere conoscenza di ciò che si faceva in Brasile nel mondo artistico. Sicuramente le informazioni arrivavano con un po’ di ritardo. Chi poteva viaggiare al sud era avvantaggiato. Quando il dr. Edgard Santos divenne rettore della UFBA, questa lacuna fu colmata con programmi culturali organizzati dall’Università Federale di Bahia e dal Museo di Arte Moderna di Bahia. Durante il periodo scolastico io già partecipavo alle esposizioni e dipingevo all’aperto, da lì non mi sono più fermato e grazie a Dio, con salute, ad 81 anni continuo lavorando ogni giorno.
L’interesse centrale nella sua opera è l’ex-voto, più tardi seguito anche da altri artisti plastici. Dal 1957 nella sua pittura è presente come segno e simbolo. Com’è nato e perché questo interesse?
Dal 1957, influenzato da una materia chiamata “Estudos Brasileiros”, ho iniziato ad elaborare il contenuto della mia pittura. È molto importante la preservazione delle manifestazioni spontanee
della nostra cultura popolare e soprattutto quella del Nordest è di una ricchezza
immensa. Tutte le manifestazioni popolari del popolo nordestino, come l’artigianato, l’arte e cultura, il messianismo, la religiosità, io le rappresento appropriandomi dell’ex-voto che nel mio lavoro è un segno/simbolo per esprimere tutta questa ricchezza, tutto il mio pensiero e tutto il mio sentimento. Ho sempre pensato questo, fin dagli inizi della mia carriera. La nascita dell’opera d’arte nella mia pittura discende dalla trasfigurazione di una tematica che abbraccia cultura e arte del Nordest brasiliano, associato al linguaggio contemporaneo internazionale. La forma cambia con la nascita di nuovi linguaggi, ma il contenuto rimane identico. È una ricerca incessante dell’identità culturale brasiliana e questo accade ancora oggi, sempre coerente al mio pensiero, senza fare alcun tipo di compromesso.
della nostra cultura popolare e soprattutto quella del Nordest è di una ricchezza
immensa. Tutte le manifestazioni popolari del popolo nordestino, come l’artigianato, l’arte e cultura, il messianismo, la religiosità, io le rappresento appropriandomi dell’ex-voto che nel mio lavoro è un segno/simbolo per esprimere tutta questa ricchezza, tutto il mio pensiero e tutto il mio sentimento. Ho sempre pensato questo, fin dagli inizi della mia carriera. La nascita dell’opera d’arte nella mia pittura discende dalla trasfigurazione di una tematica che abbraccia cultura e arte del Nordest brasiliano, associato al linguaggio contemporaneo internazionale. La forma cambia con la nascita di nuovi linguaggi, ma il contenuto rimane identico. È una ricerca incessante dell’identità culturale brasiliana e questo accade ancora oggi, sempre coerente al mio pensiero, senza fare alcun tipo di compromesso.
La sua opera pittorica si divide in diverse fasi. Ne possiamo parlare?
Nella “Escola de Belas Artes” di Salvador durante il mio ultimo anno, frequentavo una materia chiamata “Estudos Brasileiros” che dava una visione generale del Brasile. I temi erano di sociologia, linguaggi artistici, tecniche, cultura popolare, artigianato, antropologia, etnologia,
religioni africane etc. C’era un piccolo museo dove erano esposte ceramiche e opere di artigianato. Tra le altre c’era una piccola collezione di ex-voto. Nacque da lì la mia passione per gli exvoto:
era il 1955. Mi appropriai di loro nel mio linguaggio e così divennero il segno/simbolo per esprimere tutti i miei sentimenti in linguaggi contemporanei, attualizzandoli sempre. Da tutto
ciò sorse nel 1957 la mia prima fase che chiamo POPOLARE. Dal ‘60 al ‘64 venne la seconda fase, ASTRATTA, che si compone di due segmenti: l’aerofotogrammetrico e il cosmico. Poi è seguita la fase cosiddetta antropomorfica Si, agli inizi degli anni ’80 ci fu un cambiamento brusco
della forma nella mia pittura. Fu quando, pur continuando con lo stesso contenuto, adottai la TRANSVARGUARDIA, che è una tendenza più recente dell’espressionismo
o neo-espressionismo. In questa direzione sorsero varie altre sottofasi con caratteristiche di
“Pop”, “Monocromatiche”, “Linee marcate”, “Senza linee”, “Colorate”, e “Le debolezze del carattere umano”. Ma tutto ciò si inquadra in una fase generale nella quale adotto il nome di ANTROPOMORFICA. Spiegando ad un giornalista argentino, che all’epoca
mi intervistò, questo mutamento nella forma della mia pittura gli dissi: “Prima erano ex-voto con la faccia di persone, ora sono persone con la faccia di ex-voto”.
È un’arte molto seria e forte che possiede un contenuto profondo. Sono ex-voto che assumono la condizione umana per esprimere dolori, angustie, invidie, terrore, corruzione di tutti i tipi, violenza, omicidi, insomma tutto ciò che è inerente all’essere umano. È il riscontro
plastico/visuale tra il bene e il male. La forma di questa fase, che la distingue dalla forma di altri pittori, è la mia “scrittura”personale, ma il contenuto non è un fatto inedito, risale a duemila anni fa. Prenda queste citazioni: Marco 7, 21-23 Dal di dentro, infatti, cioè dal cuore degli uomini, escono le intenzioni cattive: fornicazioni, furti, omicidi, adulteri, cupidigie, malvagità, inganno, impudicizia, invidia,
calunnia, superbia, stoltezza. Tutte queste cose cattive vengono fuori dal di dentro e contaminano l’uomo. Chi abbia capacità e voglia studiare tutta la mia opera dall’inizio, ne verificherà il suo contenuto sociale, filosofico, politico e non di partito, religioso, messianico, ironico. La mia preoccupazione nella costruzione del mio lavoro dall’inizio ad oggi è l’ESSERE UMANO.
religioni africane etc. C’era un piccolo museo dove erano esposte ceramiche e opere di artigianato. Tra le altre c’era una piccola collezione di ex-voto. Nacque da lì la mia passione per gli exvoto:
era il 1955. Mi appropriai di loro nel mio linguaggio e così divennero il segno/simbolo per esprimere tutti i miei sentimenti in linguaggi contemporanei, attualizzandoli sempre. Da tutto
ciò sorse nel 1957 la mia prima fase che chiamo POPOLARE. Dal ‘60 al ‘64 venne la seconda fase, ASTRATTA, che si compone di due segmenti: l’aerofotogrammetrico e il cosmico. Poi è seguita la fase cosiddetta antropomorfica Si, agli inizi degli anni ’80 ci fu un cambiamento brusco
della forma nella mia pittura. Fu quando, pur continuando con lo stesso contenuto, adottai la TRANSVARGUARDIA, che è una tendenza più recente dell’espressionismo
o neo-espressionismo. In questa direzione sorsero varie altre sottofasi con caratteristiche di
“Pop”, “Monocromatiche”, “Linee marcate”, “Senza linee”, “Colorate”, e “Le debolezze del carattere umano”. Ma tutto ciò si inquadra in una fase generale nella quale adotto il nome di ANTROPOMORFICA. Spiegando ad un giornalista argentino, che all’epoca
mi intervistò, questo mutamento nella forma della mia pittura gli dissi: “Prima erano ex-voto con la faccia di persone, ora sono persone con la faccia di ex-voto”.
È un’arte molto seria e forte che possiede un contenuto profondo. Sono ex-voto che assumono la condizione umana per esprimere dolori, angustie, invidie, terrore, corruzione di tutti i tipi, violenza, omicidi, insomma tutto ciò che è inerente all’essere umano. È il riscontro
plastico/visuale tra il bene e il male. La forma di questa fase, che la distingue dalla forma di altri pittori, è la mia “scrittura”personale, ma il contenuto non è un fatto inedito, risale a duemila anni fa. Prenda queste citazioni: Marco 7, 21-23 Dal di dentro, infatti, cioè dal cuore degli uomini, escono le intenzioni cattive: fornicazioni, furti, omicidi, adulteri, cupidigie, malvagità, inganno, impudicizia, invidia,
calunnia, superbia, stoltezza. Tutte queste cose cattive vengono fuori dal di dentro e contaminano l’uomo. Chi abbia capacità e voglia studiare tutta la mia opera dall’inizio, ne verificherà il suo contenuto sociale, filosofico, politico e non di partito, religioso, messianico, ironico. La mia preoccupazione nella costruzione del mio lavoro dall’inizio ad oggi è l’ESSERE UMANO.
Una sua esposizione ha celebrato i 50 anni della così detta Generazione Mapa a Bahia. Può illustrarcela?
Non è possibile in una sola intervista parlare della Generazione MAPA perché furono molti gli eventi in pochi anni e occorrerebbe fare una ricerca. Ma farò un piccolo riassunto dell’inizio del Modernismo in Brasile. Negli anni ’30 a Salvador dominavano gli artisti accademici, in maggior parte professori della “Escola de Belas Artes”. Alcuni, i più conosciuti e importanti, andarono a studiare a Parigi. Al ritorno si definirono impressionisti. Negli anni ‘30 esistevano già i Nabis, i Fauves, l’Astrattismo, il Cubismo, l’Espressionismo, il Futurismo, il movimento Dada, il Surrealismo, per citare solo alcuni dei nuovi linguaggi che non vennero assorbiti da questi artisti.
Nel 1922 si tenne a São Paulo la Settimana di Arte Moderna. Nel 1932 torna da Parigi il pittore baiano José Tertuliano Guimarães. Io ho scritto un libro su di lui e l’arte moderna a Bahia,
dal sec. XIX al 1964. José Tertuliano Guimarães, pur
non avendo assorbito nessuno dei nuovi linguaggi contemporanei dell’epoca, riuscì a intendere la pittura di Cézanne che lo influenzò molto. Fu lui ad innovare quello che qui era chiamato
impressionismo. José Guimarães rinnovò l’arte, realizzando anche per la prima volta lavori creati a partire dalla cultura afro-baiana, che illustrarono il numero 4 della rivista Seiva del
maggio 1939, interamente dedicata ai neri. Così egli fu il primo artista baiano a diminuire la discrepanza tra i nuovi linguaggi e l’arte anacronistica che era praticata a Bahia.
Nel 1922 si tenne a São Paulo la Settimana di Arte Moderna. Nel 1932 torna da Parigi il pittore baiano José Tertuliano Guimarães. Io ho scritto un libro su di lui e l’arte moderna a Bahia,
dal sec. XIX al 1964. José Tertuliano Guimarães, pur
non avendo assorbito nessuno dei nuovi linguaggi contemporanei dell’epoca, riuscì a intendere la pittura di Cézanne che lo influenzò molto. Fu lui ad innovare quello che qui era chiamato
impressionismo. José Guimarães rinnovò l’arte, realizzando anche per la prima volta lavori creati a partire dalla cultura afro-baiana, che illustrarono il numero 4 della rivista Seiva del
maggio 1939, interamente dedicata ai neri. Così egli fu il primo artista baiano a diminuire la discrepanza tra i nuovi linguaggi e l’arte anacronistica che era praticata a Bahia.
Come è avvenuta l’integrazione della sua arte con il computer?
Ho sempre adottato un nuovo linguaggio non appena sorgeva mantenendo, comunque, la stessa tematica. Perciò non potevo non utilizzare questa favolosa macchina che è il computer. Così ebbe inizio la produzione di INFOGRAVURE. Le Infogravure sono realizzate con innumerevoli elementi o immagini, sia esistenti nel computer che aggiunte. Si può avere sovrapposizione di immagini o composizione, ma la cosa più importante da dire è che nella Infogravura bisogna avere necessariamente l’intervento manuale dell’artista. Non è solo computer, non è “Fotoshop”, come pensano gli incompetenti. È Arte Grafica.
Può descrivere la sua esperienza con la tecnica encaustica?
Ho appreso varie tecniche di pittura nella “Escola de Belas Artes” e, tra queste, l’encaustica con la quale ho realizzato alcuni lavori fino al 1959. Nel 1980 quando ho mutato la mia pittura, ho capito che la migliore tecnica per esprimermi era l’encaustica e così tornai ad utilizzarla. La tecnica di encaustica risale agli antichi Greci e Romani ed ha innumerevoli qualità. Inoltre, al contrairo della pittura ad olio che riflette la luce, l’encaustica la assorbe e pertanto può essere vista da qualsiasi angolo. Consiste nell’unione della cera di api con una resina trasformata in vernice. Quando è pronta bisogna aggiungere il pigmento e iniziare a dipingere.
Oggi nell’arte brasiliana cosa attira maggiormente la sua attenzione?
L’arte brasiliana non esiste. L’arte oggi è globalizzata. Perciò quello che mi può attirare in alcuni
artisti brasiliani, mi può attirare in altri pittori di altri Paesi.
artisti brasiliani, mi può attirare in altri pittori di altri Paesi.
Il famoso scrittore brasiliano Jorge Amado ha identificato in lei una “ libertà di espressione che non rimane attaccata al gioco retorico. Il mondo popolare e baiano, Sante lo conosceattraverso esperienze vitali ”. Cosa pensa di questa frase?
Non posso dire altro che sono veramente lusingato!
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