Os trabalhos de Ródtchenko expostos no Instituto Moreira Salles, por si mesmos já altamente instigantes, crescem ainda em interesse quando se conhece o contexto em que foram produzidos: o período da virada russa do Construtivismo, nas décadas de dez e 20 do século passado, pouco antes e pouco depois da Revolução de Outubro de 1917.
Foi o momento em que uma geração de artistas renovadores, experimentais, que viviam também uma revolução nos costumes, criou uma arte de vanguarda, identificada com as mudanças sociais.
Vimos aqui no Rio, ano passado, no CCBB, a mostra “Virada russa,” com as obras de muitos desses artistas. Um destaque: o grande Kazimir Malievitch, que pertenceu a uma ala do Construtivismo designada como “estética”. Já Ródtchenko fica na ala do Construtivismo dito “ideológico”, junto com Vladimir Tátlin.
Foi o momento em que uma geração de artistas renovadores, experimentais, que viviam também uma revolução nos costumes, criou uma arte de vanguarda, identificada com as mudanças sociais.
Vimos aqui no Rio, ano passado, no CCBB, a mostra “Virada russa,” com as obras de muitos desses artistas. Um destaque: o grande Kazimir Malievitch, que pertenceu a uma ala do Construtivismo designada como “estética”. Já Ródtchenko fica na ala do Construtivismo dito “ideológico”, junto com Vladimir Tátlin.
Cartaz de Ródtchenko
Rodtchenko foi pintor importante mas, dominado por sua característica inquietação e busca do novo, deixou a pintura pela fotografia, fotomontagem, colagens, cartazes – o material que agora o Instituto Moreira Salles expõe.
O brilho da arte russa desse período se apaga com a consolidação do regime de Josef Stalin.
Stalin subiu ao poder em 1922, mas o endurecimento da sua política se faria sentir com mais peso na década de 30. No primeiro congresso de escritores comunistas, em 1934, o Realismo Socialista foi decretado arte oficial.
Enfrentando obstáculos e desprestígio, muitos artistas da vanguarda russa deixaram a então União Soviética. Os que ficaram, como omo o prteriores deixaram a entrda das distas, em 1934, o Realismo Socialista foi decretado a forma de arte oficial.
Rodtchenko e Maliévitch, foram discriminados e desprestigiados.
Rodtchenko é um grande pioneiro da fotografia. Inventou planos originais, angulares. Gostava de fotografar de baixo para cima, ou vice versa.
E traz para nós, agora, no Moreira Salles, com seu olhar original, uma Moscou que a passagem do tempo torna inesperadamente poética – o balé, o circo, os grandes desfiles, os esportes, o povo nas ruas, os prédios dos grandes jornais.
SOBRE FOTOGRAFIA
(Frases de um texto escrito por Ródtchenko em 31 de outubro de 1934, para a revista “Soviétskoe Foto” – “A Fotografia Soviética”)
Uma fotografia feita por Ródtchenko
A fotografia deixou de ser secundária e de imitar técnicas de gravura, pintura ou tapeçaria. Ao encontrar caminho próprio, ela floresce, e o vento fresco traz um perfume peculiar à fotografia. Novas possibilidades se descortinam.
Os contrastes das perspectivas. Os contrastes da luz. Os contrastes da forma. Pontos de vista impossíveis no desenho ou na pintura. Pontos de vista com encurtamentos exagerados e a impiedosa textura do material.
Momentos inéditos de movimento, gente, animais, carros.
Momentos antes desconhecidos ou, se conhecidos, certamente despercebidos, como o voo de uma bala.
Composições que ultrapassam, em ousadia, a imaginação dos pintores. Tão carregadas de formas que Rubens fica para trás. Com padrões tão intrincados que japoneses ou holandeses não têm mais nada a dizer.
Depois vem a criação de momentos fotográficos inexistentes, por meio da montagem.
A fotografia se desenvolve rapidamente e conquista todos os campos.
É preciso incentivar o amor pela fotografia, para que as fotos sejam colecionadas, para que se criem fototecas e aconteçam exposições fotográficas em grande escala.
Precisamos publicar livros e revistas de fotografia. A fotografia tem todo o direito.
Merece atenção, respeito e reconhecimento como a arte de hoje.
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Desfile em Moscou, foto de Ródtchenko
A foto da escadaria parece tirada de um fotograma do clássico soviético 'O encouraçado Potemkin' (1925), de Sergei Eisenstein.
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